IV Encontro Internacional pela Terra e o Território – 2016

IV Encontro Internacional pela Terra e o Território – 2016

IV Encontro Internacional pela Terra e o Território 

Compartilhando experiências, Construindo novos horizontes

Leia e divulgue a Carta de Guapiaçu, em Português e Espanhol

 

 

 

I

Nossa vida era de escravidão

Todos direitos roubados

Deixando corpos mutilados

Sem igual na Região

Tudo teve origem com a concentração do chão

A exploração começada logo cedo de madrugada

E o som da sirene representava destruição

Explodiram o trabalho, destruíam matas, aipim e o feijão

Fazendo de nossas vidas, uma vida bem amarga

Concentraram nossa terra, agora querem concentrar água

 

II

Nossa luta não para e temos que perceber

Todo esse sofrimento fez juntar mãos e mãos

Animamos as comunidades, fizemos grande mutirão

Esse trabalho comunitário trouxe um novo amanhecer

Começou a juntar gente, atingidos por barragens, universidades o MAB e AGB.

Nossos olhos se abriram, foi mudança repetitiva

Melhoramos a organização e o jeito de produzir

Estamos só no começo, temos muito a construir

Pois a luta todo dia tem sido a nossa sina

Lutamos por Território, pelo Brasil e uma nova América Latina.

 

III

O capital pega nossa cultura e enterra

Como pudesse a cultura enterrar

Ela é terra, é água, é fogo, é ar.

E por isso que a luta não se encerra

Temos jeito próprio de cuidar da terra

Nessa guerra que travamos em nossa lida

Ela vai além do Capital

Esse já sabemos que faz mal

Que visa impedir a tradição repetida

Lutar por território é também lutar por vida

 

IV

Temos jeito próprio de ser

E de relacionar com a natureza

Não tenho dúvida, falo com certeza
Embora não possa parecer

Contra a lei do Estado desobedecer

O latifúndio temos que impedir

Todas as barragens temos que destruir

E construir território em mutirão

Libertar a mãe natureza, pra viver a libertação

 

 

Estes versos são frutos das falas e vivências relatadas pelos representantes dos movimentos presentes no IV Encontro pela Terra e Território

Por Plácido Júnior – Geógrafo e agente da CPT NE II – Pernambuco

 

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Entre os dias 14 e 17 de Setembro de 2016, foi realizado no Vale do Guapiaçu, região do município de Cachoeiras de Macacu-RJ, o IV Encontro Internacional pela Terra e o Território. Nessa área 1000 famílias estão ameaçadas pela construção de uma barragem. O encontro foi uma iniciativa do  LEMTO-UFF (Laboratório de Estudos de Movimentos Sociais e Territorialidades)e do Instituto Sudamerica Rural (Instituto para el Desarollo Rural de Sudamérica), com sede na Bolívia. Contou com o apoio do MAB-RJ (Movimento dos Atingidos por Barragens) e a AGB (Associação dos Geografos Brasileiros). O evento buscava promover um espaço de encontro para troca entre diferentes experiências de luta pela terra e o território, buscando superar o desafio do isolamento geográfico, político e cultural entre as comunidades.

O IV Encontro Internacional pela Terra e o Território reuniu vinte representantes de experiências inspiradoras de acesso à terra e ao território e, ainda, professores, estudantes e militantes de movimentos sociais das cinco macrorregiões do Brasil, da Colômbia, da Bolívia e do Chile. Foram três dias e quatro noites de vivência no centro comunitário de Serra Queimada (localidade do vale do Guapiaçu), onde foram debatidas o sentido comum e as especificidades das experiências. Algumas questões conduziram as conversas e reflexões:

“Memória, Luta e Território: De onde Viemos?”

“Comer, Curar, Habitar e Conviver – A Invenção Criativa da Vida”

 “Nossos grupos (ou comunidades?) e movimentos que relação estabelecemos com as Instituições (governos, ONGs e outras)?

 

 

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(Sistematização Gráfica por Bianca)

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(Sistematização Gráfica por Bianca)

 

Em breve mais informações sobre o IV Encontro Internacional pela Terra e o Território.

 

Grupos, Comunidades, Movimentos Socias, Instituições presentes no Encontro:

 

LEMTO-UFF – Laboratório de Estudos de Movimentos Sociais e Territorialidades, Rio de Janeiro

IPDRS – Instituto para el Desarrollo Rural de Sudamérica, Bolívia

AGB – Associação dos Geógrafos Brasileiros

APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil

Articulação Puxirão de Povos Faxinalenses – PR

Associação Quilombola Brejo dos Criolos – MG

Brigadas Populares

Comunidade Caraíbas Norte de Minas – MG

Comunidade Quilombo do Kalunga – GO

Comunidade Quilombola Castainho – PE

Comunidades Ribeirinhas do Rio São Francisco

CPT – Comissão Pastoral da Terra

MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens

MCP – Movimento de Comunidades Populares

MIQCB – Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco babaçu

Movimento dos Ilheus do Rio Paraná – PR

MPP – Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais

MST – Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra

NETAJ-UFF – Núcleo de Estudos sobre Territorialidades Ações Coletivas e Justiça, Rio de Janeiro

Povo Kaingang – PR

Povo Suruí-Aikewara – PA

Povo Xavante, Terra Indígenas Marãiwatsédé – MG

Quilombo Paiol de Telha – PR

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Apodí – RN

Via Campesina – 

Xingu Vivo para Sempre

Carta da Amazônia – Somos como a água que não se quebra

Carta da Amazônia – Somos como a água que não se quebra

Entre os dias 7 e 11 de novembro foi realizado em Marabá, Pará (Brasil) o VI Encontro pela Terra e o Território “Superando fragmentações, tecendo redes de vida”, organizado pelo LEMTO (UFF-Brasil), IPDRS (Bolivia) e a UNIFESSPA (Brasil).

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Nos próximos meses estaremos compartilhando materiais sobre nosso encontro. Por enquanto compartilhamos com vocês a “Carta da Amazônia”, uma voz construida coletivamente que sintetiza algumas das reflexões do encontro e nossas preocupações sobre o momento atual no Brasil e no resto da América Latina.

 

Carta em pdf: https://drive.google.com/open?id=1pdG-SctpJGbD2EU6pOfH2cNur8P1uJlF

 

CARTA DA AMAZÔNIA

Nós, comunidades, povos tradicionais e professores-pesquisadores do Brasil e da América do Sul reunidos na Amazônia, na cidade de Marabá, entre os dias 8 e 11 de novembro no VI Encontro Terra e Território – Superando Fragmentações, Tecendo Redes de Vida – tendo em vista nossas responsabilidades diante da vida e da humanidade, vimos a público manifestar nossas preocupações, fruto de 4 dias de intensa reflexão, frente aos desafios que se nos apresentam no novo cenário político da conjuntura brasileira, latino-americana e mundial.

Manifestamo-nos desde a Amazônia, região que por suas características metabólicas e socioculturais tem grande relevância para os destinos da vida em nossa casa maior, o planeta, e para a humanidade. E o fazemos a partir de um rico acervo de conhecimentos forjado por etnias, povos e nacionalidades que habitam a região há mais de 10 milênios, enriquecidos com a contribuição de camponeses que vieram de vários lugares do Brasil e do mundo habitar nossas várzeas e terras-firme, e em diálogo com cientistas que sabem que não há vida sem conhecimento e, por isso, dialogam com essas tradições de conhecimento. Portanto, estamos longe de um vazio demográfico, como colonialmente se pensa de fora nossa região e, ao contrário, estamos diante de uma região diversa, densa em horizontes mais justos para a vida. Tudo isso nos coloca responsabilidades, nos obriga e autoriza a alertar a comunidade brasileira, latino-americana e internacional para as ameaças que nos cercam.

O Sul e o Sudeste do Pará, de onde nos manifestamos nesse momento, vem sendo, há 40 anos, objeto de um processo social e econômico marcado por extrema violência e devastação, tendo como eixo a mercantilização da vida pelos negócios do agro que forjam uma concentração fundiária alarmante e violenta, seja pelos negócios da água que mudam os sentidos dos rios e afundam comunidades, seja ainda, pela maior planta de extração mineral em operação no mundo que, para levar ferro para os principais centros industriais, saqueia riquezas retirando as condições de existência para inúmeras comunidades e povos tradicionais. Pela produção do carvão vegetal, pela formação de pastagens e pela expansão de monocultivos, esse complexo de devastação e violência consumiu a mais densa floresta do mundo. Quanto açaí, quanta bacaba, quanto taperebá, quanta pupunha, quanta castanha, entre outros muitos frutos, deixaram de alimentar tanta gente para garantir a sanha de acumulação de capitais irresponsável com os destinos da vida humana e não-humana. Os efeitos perversos desse processo social, sentidos principalmente pelos povos originários indígenas, pelos quilombolas e pelos camponeses da região, não se restringem a eles e se propagam pelo continente e pelo mundo pela função que a floresta amazônica cumpre no equilíbrio metabólico do nosso planeta, sobretudo pela água que, por evapotranspiração, irriga amplas regiões do país, do continente e do mundo. Não são poucas as cidades não-amazônicas que já acusam falta de água para abastecimento, pela devastação produzida com tanta violência contra a floresta Amazônia e seus povos.

Alertamos para as ameaças que se colocam a partir do novo cenário político brasileiro em que as novas autoridades falam abertamente em fazer regredir os compromissos ambientais assumidos até aqui pelo Brasil, como o abandono dos Acordos de Paris, assim como as abertas ameaças de etnocídio contra os povos indígenas e quilombolas, ao não reconhecer seus modos de vida, inclusive suas formas comunitárias, numa visão reducionista da riqueza da espécie humana ao querer, colonialmente, reduzir a vida social ao indivíduo, à propriedade privada e à ideia de que tudo se resume a compra e venda para ganhar dinheiro. O cenário também preocupa com a descabida ameaça de tipificação de movimentos sociais, como o movimento dos trabalhadores rurais sem terra, o movimento indígena e quilombola, como terroristas, demonstrando que a função social da propriedade e os instrumentos de justiça social que se construíram em nossa jovem democracia, encontram-se abertamente ameaçados. Os assentados da reforma agrária que, com muita luta, sangue e lágrimas conseguiram conquistar 85 milhões de hectares de terra em todo o território nacional e adubam a terra de justiça, encontram-se no centro da ameaça. O mesmo se estende a todas as comunidades e povos tradicionais que, ainda que insuficientemente, vinham começando a se fazerem conhecidos e respeitados em sua dignidade de grupos diferenciados de que, em sua maioria, também têm a prática de fazer uso comum da terra, da água, enfim, das condições necessárias de reprodução da vida. Enfatizamos, também, a importância do cuidado, que mantém, não somente a vida, mas os modos de existir de cada comunidade. As mulheres sempre tiveram papel primordial na reprodução e no cuidado com a vida das novas gerações, papel esse que, apesar de tamanha centralidade, ao proporcionar a própria existência da comunidade, sempre foi invisibilizado. As violências cotidianas ou pontuais, físicas ou emocionais, que atingem as mulheres e se somam às dificuldades de um caminho já árduo, precisam ser combatidas por todos, não só por elas. A questão de gênero precisa ser reconhecida em seu peso e precisa ser debatida com os jovens em escolas, por exemplo, sem que aqueles que trazem o debate possam sofrer perseguição ideológica. Nesse sentido, para que as mudanças de caminho perpassem toda a sociedade, é necessário que os jovens façam parte do debate.

Reiteramos a necessidade de políticas de estímulo e valorização dos jovens que, no entanto, só terão sentido, com um horizonte ético para a vida em liberdade, igualdade e respeito à diversidade étnico-cultural. Preocupa-nos, também, a visão militarizada do enfrentamento da segurança pública, num país cujos números alarmantes de assassinatos, mais 62 mil no ano de 2017, têm como principais vítimas os jovens pobres e negros das periferias urbanas, onde cresce a nefasta presença de milícias com o envolvimento, não raramente, de membros das forças policiais. Racismo e machismo devem ser encarados como são, como problemas profundamente estruturais, que influenciam nos caminhos que seguimos, caminhos esses que devemos reconstruir para seguir vivendo.

Alertamos, ainda, para as ameaças que pairam contra todas as práticas de educação popular desses povos e comunidades que colocaram processos de formação no centro de suas buscas e, para isso, sempre apoiaram e interagiram com o sistema público nos diferentes níveis de ensino. Em várias regiões do país surgiram experiências exitosas de relação entre o ensino público e os interesses dos grupos sociais em luta por justiça e dignidade que, no momento, encontram-se sob a ameaça de aprofundamento de uma irresponsável visão privatista já em curso. A educação do campo, a educação escolar indígena e todas as interações entre comunidades, movimentos e a universidade, que honram valores que respeitam a dignidade dos diferentes grupos sociais, encontram-se sob a ameaça de uma visão política da educação que a quer como negócio e doutrinação, mesmo quando se diz “escola sem partido”.

Enfim, não só a Amazônia vem sendo alvo de um processo de desenvolvimento que quebra o envolvimento das comunidades e povos em seus territórios de vida. A presença entre nós do povo mapuche que habita ao sul do Chile a da Argentina, do povo wayuu e añuu que habita a ocidente da Venezuela, assim como de colombianos, bolivianos e peruanos nos fez ver que está em curso um violento processo expropriatório que busca desterritorializar esses povos e comunidades para saquear os minérios de seu subsolo, extrair o gás e o petróleo de suas entranhas, explorar seus solos com monoculturas para exportação, enfim, para nos manter na condição de supridores de matérias primas para os centros geográficos mais dinâmicos do sistema mundo capitalista que nos habita há 500 anos!

Convocamos a todos e todas a nos mantermos alertas diante dessas ameaças. Contamos com a solidariedade de todos e todas sabendo de nossas responsabilidades de mantermos a diversidade da vida com a diversidade de nossas práticas culturais. Pela Vida, pela Dignidade e pelo Território, assim se manifestaram nas ruas os povos indígenas e camponeses da Bolívia e do Equador, ainda nos anos 1990. Mais que desenvolvimento queremos Vida em Plenitude (Suma Qamaña, Sumak Kausay …), o que implica respeitar diferentes modos de estar no mundo. Assim é a vida, assim é a humanidade: diversa! Vida Longa aos Mapuche, aos Wayuu-Añuu, aos Xavante, aos Gaviões, aos Faxinalenses do Paraná, aos Agricultores e Agricultoras Ameaçados pela Barragem em Guapiaçau (Rio de Janeiro), aos quilombolas do Bracuí, às Assentadas e Assentados do Assentamento Agroecológico do Contestado (MST-Paraná), às Comunidades de Fundo e Fecho de Pasto da Bahia, às Marisqueiras de Sergipe, às Assentadas de Alagoas, às Catadoras de Mangaba de Sergipe, às Benzedeiras do Paraná, aos Assentados e Assentadas do Assentamento Palmares, assentamento 1 de março e 26 de março (MST-Pará). Somos como a água que não se quebra, que se conforma às circunstâncias, infiltra-se, movimenta-se com as marés em diálogo com a Lua, emergindo como a fonte que dá vida e tem o céu como limite, para voltar à Terra e alimentar nossa mesa e nossos sonhos!

Marabá, Amazônia, 11 de novembro de 2018.

1- Amantino Sebastião de Beija – Faxinalense –PR.

2- Ana Maria dos Santos – Benzedeira do MASA – PR.

3- Ana Rute Rocha Santos – Marisqueira de Sergipe – SE.

4- Charles Trocate – MST/PA.

5- Cosme Rite – Indígena Xavante – MT.

6 – Eduardo Salazar – Assentamento Palmares – PA

7- Fernando de Oliveira – IALA Amazônico.

8 – Flávia Sabrina Lima – MAM/PA.

9 – Ivo de Souza Leal – IALA Amazônico.

10- José Quintero Weir – Indígena Wayuu-Añuu,- Antropólogo-Ativista.

11- Katia Akrãtikatêjê – Cacique da aldeia Akrãtikatêjê – PA.

12- Marcos Vinicius Francisco de Almeida – Comunidade Quilombola do Bracuí – RJ.

13- Maria José Cavalcante – Camponesa – CPT – AL.

14- Miguel Angel AT Mapuche – Indígena Mapuche.

15- Patrícia Santos de Jesus – Mangabeira – Catadora de Mangaba – SE.

16- Paulo Henrique Almeida Andrade – Teia dos Povos Maranhão.

17- Priscila Facina Monnerat – Assentada do Assent. Contestado – ELAA-MST- PR.

18- Silas Borges Evangelista – Agricultor de Guapiaçu – RJ (MAB).

19- Zacarias Ferreira da Rocha – Povos e Comunidades de Fundo de Pasto – BA.

20- Adriane de Andrade – Geógrafa-Ativista – UFPR.

21- Alessandro Peregalli – – Itália / UNAM (México).

22- Alexander Panez – Assistente Social-Ativista – MODATIMA – Chile.

23- Ângela Massumi Katuta – Geógrafa-Ativista – UFPR.

24- Bruno Malheiro – Geógrafo-Ativista – UNIFESSPA.

25- Carlos Walter Porto-Gonçalves – Geógrafo-Ativista – LEMTO/UFF.

26- Claudio Dourado – Antropólogo – Ativista – CPT – BA.

27- Danilo Cuin – Geógrafo-Ativista – LEMTO/UFF.

28- Eduardo Barcelos – Engº Ambiental- Geógrafo-Ativista – IF Baiano.

29- Eraldo da Silva Ramos Filho – Geógrafo-Ativista – UFS.

30- Fernando Michelotti – Agrônomo-Ativista – UNIFESSPA.

31- Julia Ladeira – Pesquisadora-Ativista – LEMTO/UFF.

32- Laiza Lima – Pesquisadora-Ativista – LEMTO/UFF.

33- Luciana Borges – Geógrafa-Ativista – UNIFESSPA.

34- Marlon Nunes – Pesquisador-Ativista – LEMTO/UFF.

35- Pedro Catanzaro da Rocha Leão – Pesquisador-Ativista – LEMTO/UFF.

36- Pedro D’andrea Costa – Geógrafo-Ativista – AGB.

37- Pedro Henrique Rocha – Pesquisador-Ativista – LEMTO/UFF.

38- Ralph Medeiros de Albuquerque – Geógrafo-Ativista – UFPR.

39- Ruth Bautista – Socióloga-Ativista – IPDRS – Bolívia.

40- Tania Gomez– Advogada-Ativista – Plataforma Sur – Colômbia.

Os Pivôs da Discórdia e a Digna Raiva: uma análise dos conflitos por terra, água e território em Correntina, Bahia (Brasil)

Os Pivôs da Discórdia e a Digna Raiva: uma análise dos conflitos por terra, água e território em Correntina, Bahia (Brasil)

Caras/os colegas e compas

 

Uma das mais siginificativas manifestações políticas ocorridas no Brasil se deu em finais do ano 2017 no município de Correntina, Oeste da Bahia, onde aproximadamente 1.000 pessoas, numa ação radical, ocuparam e destruíram uma das mais poderosas fazendas do agronegócio na região, a Fazenda Igarashi. Dias depois dessa ação violenta de “l@s de abajo” cerca de 12.000 pessoas, num município de 32.000, foram às ruas apoiar aquela iniciativa marcada pala digna rabia. Crreio que essa luta seja sinal dos tempos, de um Ya basta que paira no ar.
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Carlos Walter Porto-Gonçalves do LEMTO e Samuel Britto da Comissão Pastoral da Terra (CPT), fizeram um largo ensaio, que oferecem como uma oferenda que possa inspirar com essa chama correntina a luta dos povos em busca da libertação.

 

Convocatoria Encuentro virtual “Mujeres y luchas: nos territorializamos privilegiando la vida”

Convocatoria Encuentro virtual “Mujeres y luchas: nos territorializamos privilegiando la vida”

Como Grupo de Tabajo de CLACSO “Territorialidades en disputa y r-existencias”, convocamos a participar del Encuentro Virtual “Mujeres y luchas: nos territorializamos privilegiando la vida“, que se realizará el próximo sábado 25 de agosto a partir de las 12:00 (Colombia, Ecuador y México), 14:00 (Brasil y Argentina), con las provocaciones de tres compañeras desde: Otras Negras y Feministas (Colombia), Plataforma por la Tierra y Territorios Sostenibles (Ecuador) y el Consejo de Jóvenes Cherán (México)”.

 

Convocatoria al Encuentro Virtual

Mujeres y luchas territoriales: nos territorializamos privilegiando la vida

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Las mujeres luchamos y re-existimos desde todos y por todos los territorios: nuestros cuerpos, la tierra y la Madre Tierra. Construimos nuestros cuerpos como el primer campo de todo tipo de lucha, desde la base misma de la (r) existencia en libertad, respeto, afectos y siempre juntxs. El territorio es donde nos creamos y recreamos por eso necesitamos tenerlo, cuidarlo y reproducirlo a nuestra manera. Desde la conciencia y la autodeterminación sobre nuestros cuerpos-territorio combatimos la violencia del machismo dominante, en la tierra-territorio plantamos comunalidad y por la Madre Tierra-territorio luchamos contra las empresas extractivas que la violan y la espolian.

Nuestro énfasis es privilegiar las esferas de la vida de todxs. Mujeres y hombres – nosotrxs – en la relación con la tierra, con las aguas, la naturaleza. Como mujeres buscamos decidir sobre nuestros cuerpos – que se manifiesta, por ejemplo, en las luchas sobre violencia sexual, derechos de las mujeres a la reproducción sin violencia obstétrica y decidiendo las formas de parir, o exigiendo nuestro derecho de abortar de manera accesible, libre y segura–, en los territorios buscamos vivir otras formas de sociabilidad, de tenencia de la tierra y de liberar la Madre Tierra que, al cultivarla con semillas nativas, sin agrotóxicos, respetando la biodiversidad y en policulturas, re-existe frente a la explotación del capitalismo que se pretende hegemónico.

Valoramos el trabajo que sostiene la vida, esos trabajos no exclusivamente volcados a lo económico, pero fundamentales para la reproducción de todas las formas de vida. Por eso entendemos que la función histórica y socialmente construida de la mujer como cuidadora, si por un lado genera la jornada triple de trabajo, por otro lado da potencia a lo comunitario. Los cuidados generan lazos de solidaridad, corresponsabilidad e interdependencia. Y en este sentido apostamos a que los hombres que aún no asumen esta responsabilidad, también aprendan y ejerciten las funciones de cuidadores. Ya que los cuidados son universales porque son los cuidados de las vidas, todxs los podemos hacer. Ejercitemos el cuidar y ser cuidadas porque cuidar, en el actual contexto, es una forma de re-existencia.

Sentimos, denunciamos y luchamos contra las opresiones en nuestras casas, nuestras comunidades, nuestras territorialidades, nuestros países y en el mundo. Así también, visibilizamos, valoramos y queremos enredarnos en las luchas y las re-existencias de las mujeres kurdas, zapatistas, de los campos, de las ciudades, de las selvas y de las aguas… que son luchas legítimas y autonómicas, tácticas y estratégicas. Nos organizamos y construimos nuestra emancipación desafiando las jerarquías sociales embutidas en las construcciones culturales de género. Estamos aprendiendo y ejerciendo la sororidad, la complementaridad y la reciprocidad. Nos unimos en las luchas territoriales, feministas, antiracistas, de clase, de opción sexual, de religiosidad. Nos pensamos como mujeres y hombres en relación a la comunidad, no legitimando ninguna forma de explotación del ser humano por el ser humano ni del ser humano hacia la naturaleza.

Pero al mismo tiempo sabemos de nuestros límites, puede que no de todos (porque también se nos cuelan agazapados en los pliegues de un capitalismo-patriarcal-racista-homófobo… naturalizado), por eso la necesidad de reconocernos en el diálogo con muchxs para colocarnos frente al espejo de lo que no estamos siendo, haciendo, compartiendo, de nuestras contradicciones en la distancia larga de las luchas sociales y en la corta del cotidiano. Queremos distanciarnos del error prepotente de quien sabe perfectamente cómo es el enemigo y traza una estrategia infalible para acabar con él. Compartir dudas y contradicciones es constatar que el enemigx está en nosotrxs también. Hablar nos parece fundamental para juntxs acumular el grito y la fuerza contra lo que nos mata y nos oprime.

Como por ejemplo,  la consolidación de una matriz que profundiza el extractivismo, el agronegocio, las megaobras de infraestructura y la expansión urbana que necesitan del despojo, de los desplazamientos y de la violencia para el progreso y el desarrollo del capitalismo. Solo en el 2016, la Comisión Pastoral de la Tierra en Brasil registró 61 asesinatos a líderes sociales[1]; mientras la Defensoría del Pueblo de Colombia reportó 326 líderes sociales asesinadxs desde enero del 2016[2], asesinatos por enfrentar a los gobiernos y a las empresas que robaron sus tierras y dañaron la naturaleza y a vida. Las empresas mineras y la agroindustria están asociadas al 60% de esos asesinatos. En medio de esos contextos, mujeres de todo el planeta siguen/seguimos territorializando los espacios y privilegiando la vida.

Desde diversas organizaciones, colectivos, procesos e iniciativas que hacemos parte del Grupo de Trabajo “Territorios en Disputa, Resistencias y R-existencias” de CLACSO, en los últimos meses venimos sentipensando la urgente necesidad de re-conocernos para articularnos entre las luchas territoriales frente al colapso, la tormenta y la guerra que siguen expandiéndose. Vemos con admiración prácticas colectivas e individuales que están sembrando, cuidando, cultivando e intercambiando formas concretas de resistencia autónoma que van más allá de lo establecido y de lo que nos permite el sistema. Vemos y sentimos cómo estas formas están siendo objeto de violencias, ocupaciones, cooptaciones, subordinaciones… y aun así insisten en seguir recuperando, recreando y pariendo sus propias territorialidades (imaginario, cuerpo, tierra) para seguir siendo.

Existen múltiples prácticas, experiencias, iniciativas (todo un espectro para mirarnos al espejo y aprender colectivamente) desde las espectaculares y extraordinarias según las nombran desde el poder, hasta las no-espectaculares y ordinarias que se siguen autodenominando. Espectro del que tenemos que aprender dialogando, debatiendo, trabajando, transformando, convocando saberes, experiencias, capacidades, así como dudas, confusiones, dificultades, vacíos. Es decir, desafiarnos para tejernos y seguirnos encontrando frente a temas o asuntos críticos de los cuales depende nuestra perviviencia. Y también abrirnos a otras y otros que quieran/puedan llegar y aportar priorizando temas o asuntos críticos que determinen los sentidos de encontrarnos desde perspectivas distintas enriquecidas por aportes diversos.  Ese crisol de miradas y abordajes nos convoca a superar falsos dilemas entre lo académico y lo real, para juntarnos en procesos y debates que nos construyan como un tejido fuerte, diverso y colorido de saberes y prácticas.

Por eso estamos convocando a este Encuentro Virtual  Mujeres y luchas territoriales: nos territorializamos privilegiando la vida, que tiene como propósito compartir algunas narrativas-luchas de las mujeres por el cuidado y defensa de sus territorialidades en distintos contextos, los mismos que hoy nos sigue exigiendo corazonarnos, acuerparnos y tejernos por la vida toda contra la “exploración”, “explotación”, “exclusión”, “exterminio” de nuestros cuerpos, de nuestros imaginarios y de nuestros territorios. El encuentro virtual se realizará el próximo sábado 25 de agosto a partir de las 12:00 (Colombia, Ecuador y México), 14:00 (Brasil y Argentina), con las provocaciones de tres compañeras desde: Otras Negras y Feministas (Colombia), Plataforma por la Tierra y Territorios Sostenibles (Ecuador) y el Consejo de Jóvenes Cherán (México).

Algunas de las preguntas que nos convocan a este Encuentro son:

– ¿Cuáles son esas experiencias de enfrentamiento y re-existencia que las mujeres estamos proponiendo en los territorios?

– ¿Qué aportamos de diferente en esas experiencias construidas por muchxs?

– ¿Cómo juntamos la resistencia y la re-existencia? ¿La lucha social y el cotidiano? ¿La denuncia contundente y el cuidado?

– ¿Cuáles son sus fortalezas, perspectivas, desafíos y contradicciones?

– ¿Cuáles son las reacciones en curso o en ciernes desde los regímenes y el capital para controlarlas y capturarlas?

Les invitamos a acortar distancias y a volver invisibles las fronteras, aprovechando también espacios virtuales, como este Encuentro para narrarnos entre nosotras -sin excluir a los hombres- desde nuestras alegrías y nuestros dolores para seguir siendo, con nuestras propias territorialidades, a pesar de tanta muerte.

Las inscripciones al Encuentro Virtual se recibirán hasta el día miércoles 22 de agosto, enviando un correo a:  vilmaalmendra@yahoo.es y pmaldonado_tobar@hotmail.com . Las personas inscritas recibirán un instructivo para la participación[3].

 

También recomendamos la revisión previa de los siguientes insumos, para aprovechar más el diálogo y el intercambio durante el día del Encuentro:

 

Grupo de Trabajo “Territorialidades en Disputa y R-existencias en América Latina” – CLACSO (Colectivo de Encuentros Virtuales).

Agosto 15 de 2018

 

[1]                https://www.cptnacional.org.br/component/jdownloads/send/41-conflitos-no-campo-brasil-publicacao/14061-conflitos-no-campo-brasil-2016?Itemid=0

[2]                https://www.desdeabajo.info/colombia/item/34632-asciende-a-326-cifra-de-lideres-sociales-asesinados.html

[3]Sugerimos tomar en cuenta que para participar en el Encuentro Virtual se requiere tener una buena conexión a internet, y que la participación no se puede realizar desde teléfonos móviles.

 

Las luchas por tierra y territorio en el Cauca, Colombia

Las luchas por tierra y territorio en el Cauca, Colombia

Las luchas por tierra y territorio en el Cauca, Colombia

 

Leandro Bonecini de Almeida[1][2]

 

Vilma Almendra es indígena Nasa Misak de Colombia, egresada del programa de comunicación en Social-Periodismo de la Universidad Autónoma de Occidente, magíster en Sociología y candidata a doctora en Ciencias Humanas y Sociales. Ha trabajado en la promoción y defensa del derecho a la comunicación indígena y a los medios populares y alternativos; en la elaboración de estrategias y planes de comunicación para acciones colectivas de organizaciones indígenas en Colombia.

 

Vilma Almendra

Vilma Rocío Almendra Quiguanás: mujer indígena Nasa Misak del Cauca, suroccidente de Colombia

 

1) Podrias presentarte?

            Soy Vilma Rocío Almendra Quiguanás, soy indígena Nasa Misak del suroccidente de Colombia. Ella es Violeta Kiwe, la hija de Manuel Rozental y yo. A nosotros nos invitaron al SINGA para que compartiéramos un poco de la palabra y la acción que intentamos caminar desde hace mucho tiempo. No solamente desde el Pueblo Nasa, sino otros pueblos y procesos.

 

2) Cuales fueron tus impresiones del VIII Simpósio Internacional de Geografia Agrária (SINGA 2017)?

            El SINGA me pareció un espacio importante mas allá de las conferencias, las exposiciones de experiencias, sino este encuentro más cercano, que uno iba escuchar una mesa y conocía una compañera, un compañero. Entonces, pudimos hacer intercambios de direcciones, y pequeñito de lo que estamos haciendo con comunidades de los quilombolas, campesinos. Y lo que más me gustó fue la visita que hicimos en la Aldea Guaraní, donde conocimos como acá también se está recuperando la tierra. También los pueblos indígenas sufren las mismas agresiones que se están sufriendo en Colombia, México, en otras partes, pero a pesar de eso están ahí persistentes. Porque buscan vivir con la tierra, seguir siendo parte de ella y a pesar de la agresión siguen ahí.

            Entonces, el bueno del SINGA es esto, la posibilidad de encontrarnos, de reencontrarnos y de reconocernos con gente de la tierra que está luchando por toda América Latina, por toda Abya Yala.

 

3) En seguida como se dio y cual tu posición sobre la reunión del Grupo de Trabajo de CLACSO Territorialidades en disputa y en r-existencia, realizada en la Escuela Latinoamericana de Agroecologia (ELAA) ubicada en el Asentamiento Contestado del MST?

            De los puntos de CLACSO, bueno, estuvimos también intentando conocernos. Porque a veces algunos poquitos nos conocíamos. En síntesis, primero nos empezamos a conocer un poquito más todos, hablamos también de lo que cada uno viene haciendo, porque algunos, la mayoría creo están más vinculados a los espacios académicos, como también disputando este territorio. Desde ahí tratando de acompañar y sumarse y hacer investigaciones, digamos, que sirvan. Que ayuden a un mínimo de transformación a las luchas que la gente ya lleva. No tanto servirse de los pueblos porque muchas veces pasa eso. Al menos la mayoría de gentes sentimos que están en eso. Y nosotros no estamos metidos en la academia directamente, aunque damos seminarios, damos charlas, hacemos intercambios.

            Yo estoy vinculada ahorita con la Pedagogía de la Madre Tierra en la Universidad de Antioquia en Colombia. Es un espacio importante porque es precisamente como uno le disputa a un espacio a esta institución que es la Academia y desde ahí se encuentra para hablar de los planes de vida, de las políticas propias frente al desarrollo, frente al sistema y la necesidad de articularnos. Entonces, siento que este es un poco también el sentido de CLACSO.

            En síntesis, digamos tres temas, tres puntos generales, grandes: 1) Esto de encontrarnos, seguirnos encontrando en espacios como el SINGA, pero también en espacio autogestionados, y convocados por los mismos pueblos, donde podamos estar y acompañar y sumarnos a lo que ya se está debatiendo y discutiendo. Y en este mismo encuentros, también encuentros virtuales para seguir con eso que no proponen las y los zapatistas desde el 2013: los Semilleros de Pensamiento Crítico y de Palabra y Acción Concreta. Como seguir debatiendo pero en la práctica tratando de hacer algo concreto con la gente, desde la gente y para los pueblos. Ese me parece que era uno de los puntos grandes.

            Otro, lo de formación o esa discusión permanente desde las comunidades y la academia respecto a lo que nos está pasando. O sea, reconocer esta Hidra que nos habita, esa Hidra que llega con sus múltiples tentáculos a través de minería, o del TIPNIS, o de las mismas cooptaciones desde diferentes ámbitos que llega a capturarnos, a explotarnos y a confundirnos. Pero como tener espacios de formación dentro y fuera de los territorios que nos permitan entender esto más allá, digamos, de un territorialidad local, sino poder tejer eso y entenderlo lo más macro para poder seguir trabajando en lo local.

            El otro punto que se habló también, es como una escuela. Espacios de escuela que se pueden dar desde, aprovechando lo que hay en Clacso, hay materiales, hay una cantidad de producciones, y una cantidad de recursos concretos para producción de conocimiento que pueden articularse y pueden servir y acompañar a las luchas. Entonces es una investigación y una forma de hacer escuela no solamente para la academia y con resultados concretos para la academia, sino disputar ahí, los temas críticos y concretos que le afectan al territorio y a los pueblos y como investigar colectivamente para dar a conocer lo que digamos la gente está necesitando, y está disputando. Muchas otras propuestas de seguirse encontrando, seguir articulando, y sigue pendiente pensarnos como tejernos en resistencias y autonomías entre pueblos y procesos, que es un desafió concreto frente a lo que estamos viviendo hoy en toda partes.

 

Sobre la lucha de Vilma y del Pueblo Nasa del Cauca en Colombia

 

            Vilma, comunera Nasa-Misak. A seguir un tramo de su libro donde menciona aspectos centrales de su lucha, desde su palabra y acción:

            “Con el firme propósito de seguir defendiendo palabra y acción dignas en el espíritu de la comunidad desde el Cauca, la intención ha sido ilustrar algunos rasgos generales que constituyen las disputas de nuestro horizonte de lucha territorial– recientemente nombrando: Wët wët fxizenxi (buenos vivires)–, frente y contra el proyecto de muerte (capitalismo) que nos fragmenta, captura y contiene. Horizonte de lucha territorial en el que existe un vaivén de posibilidades que van entre y desde resistencias, autonomías, emancipaciones, contradicciones, transformaciones comunitarias, hasta inclusiones subordinadas, contenciones y nacimientos otros. Particularmente evocaremos momentos concretos en los que nos sentimos vivos y libres para emanciparnos, porque más que víctimas avergonzadas de nuestros pueblos, fuimos siendo seres plenos paridores de nuestra propia historia para transformarnos comunitariamente; al mismo tiempo reflexionaremos sobre prácticas y situaciones externas e internas que fueron inhibiendo nuestra resistencia autónoma para subordinarnos, confundiéndonos y distorsionando nuestro horizonte de lucha emancipatorio. ¿Por qué nos narramos así? Porque nadie nos lo contó, no lo leímos en ningún libro, no se lo escuchamos a ningún intermediario. Simplemente estuvimos allí y somos arte y parte de ese despliegue y repliegue de lucha. Todo esto nos consta, nos alegró y entristeció. Allá lo vivimos, pues somos fruto de esa tierra rebelde y digna que aún nos habla, nos canta, nos acaricia, nos alimenta y nos desafía a defendernos defendiéndola.

            Entonces con este documento intento nombrar un poco de tanto dolor y alegría vivientes con nuestro pueblo Nasa durante la primera década del 2000[3], cuando hicimos parte del proceso de comunicación para la verdad y la vida desde la Asociación de Cabildos Indígenas del norte del Cauca-ACIN en Colombia,–organización zonal gestada en 1994 que hace parte del Consejo Regional Indígena del Cauca-CRIC[4],–la cual agrupa 19 formas de autoridad indígena representadas en la autoridad tradicional de los cabildos; 14 territorios colectivos reconocidos como resguardos; y una estructura comunitaria organizada a través de cinco Tejidos de Vida (Económico Ambiental, Pueblo y Cultura, Justicia y Armonía, Defensa de la Vida, Comunicación para la Verdad y la Vida), tejidos que intentan integrarse desde diversos ámbitos territoriales.” (ALMENDRA, 2017: 48-49)

            “Entonces, para explicar ese nosotroas que utilizaré de aquí en adelante es vital situarme en la pluralidad de los testimonios que compartiré en este texto, por eso inicio afirmando que aunque desde el 2013 no estoy vinculada directamente a ningún programa, tejido o como ahora lo llamen en la Asociación de Cabildos Indígenas del Norte del Cauca, en adelante ACIN, actor central de este documento, sigo ombligada[5] al espíritu comunitario que gestó los Tejidos de Vida –gobierno propio– desde el norte del Cauca y esté donde me toque ser, seguiré comprometida en palabrandar[6] lo que se necesite para estar siendo con Uma Kiwe (Madre Tierra). De allí que hago parte de un nosotroas heterogéneo, individual, colectivo y plural nutrido de experiencias desde la comunicación otra, gestada desde el Tejido de Comunicación de la ACIN y soy fruto de esa lucha. Soy mujer indígena perteneciente a pueblos dignos, aguerridos y luchadores como los Nasa y Misak del Cauca al suroccidente colombiano. Para estos relatos en los que voy tejiendo práctica-teoría-práctica después de casi una década de la Minga de Resistencia Social y Comunitaria[7] que nos convocó a los pueblos indígenas, negros y mestizos, voy a referirme sustancialmente a las vivencias desde mi pueblo Nasa del norte del Cauca representado en la ACIN, que incluyen los continuos aprendizajes y desafíos que voy asumiendo desde otros lugares también atravesados por tensiones y contradicciones en tanto el propósito concreto es estar siendo comunitarios” (ALMENDRA, 2017: 50-51).

 

 

Referencias

ALMENDRA, Vilma. Entre emancipación y la captura. Memorias y caminos desde la lucha Nasa en Colombia. Barricadas Colección, 2017.

http://pueblosencamino.org/?p=4495

http://pueblosencamino.org/wp-content/uploads/2017/08/Interiores-WEB-Vilma-Almendra.pdf

 

ALMENDRA, Vilma. Aprender caminando: somos con otros y estamos siendo en relaciones. Revista Educación y Pedagogía, vol. 24, núm. 62, enero-abril, 2012.

 

Mi historia con el Internet

http://www.apc.org/apps/img_upload/irlac-documentos/vilma.htm

I Encuentro de Mujeres que luchan: Retazos de incomodidad y trazos de gratitud

http://pueblosencamino.org/?p=5516

Reunión presencial del Grupo de Trabajo de CLACSO “Territorialidades en disputa y en r-existencia”, en la Escuela Latinoamericana de Agroecología (ELAA) de Paraná, Brasil

Pueblos en Camino

http://pueblosencamino.org/?p=53

Vilma Almendra: Experiencias de comunicación intercultural en contextos monoculturales

http://idecaperu.org/vilma-almendra-experiencias-de-comunicacion-intercultural-en-contextos-monoculturales/

La paz de la Mama Kiwe en libertad, de la mujer sin amarras ni silencios

http://pueblosencamino.org/?p=150

 

[1]             Investigador y estudiante de doctorado del Programa de Posgrado de Ciencias Sociales en Desarrollo, Agricultura y Sociedad (CPDA), de la Universidad Federal Rural de Rio de Janeiro (UFRRJ), Brasil.

[2]             Entrevista realizada junto a la investigadora y militante mexicana Monica Montalvo, del Programa de Posgrado en Desarrollo Rural de la Universidad Autónoma Metropolitana (UAM – Xochimilco), el mes de Noviembre de 2017.   Ocurrió durante la reunión del referido GT de Clacso Territorialidades en disputa y en r-existencia, realizada en la Escuela Latinoamericana de Agroecologia (ELAA) y el Asentamiento Contestado del MST, en el estado de Paraná, Brasil.

[3]             Para conocer un poco más de lo que vivimos en esta época vale la pena leer la investigación realizada por Oscar Guerrero, quien aborda la convocatoria a la Minga Nacional desde el Consejo Regional Indígena del Cauca, junto con La Otra Campaña del Ejército Zapatista de Liberación Nacional, em sus formas embrionarias de organización autónomas y autogestionarias, que como movimiento ansitistémico de ámbito nacional, que deja ver algunas de las contradicciones, aspecto que profundizo em este trabajo a partir de la Minga de Resistencia Social y Comunitaria. Ver Guerrero Hurtado, Oscar Alejandro (2016) Indígenas antisistémicos en movimiento(s): estrategias organizativas de los movimientos indígenas en México y Colombia, 2004-2008 (tesis de Maestría en Ciencias Políticas y Sociales). Universidad Nacional Autónoma de México, Distrito Federal, México.

[4]             El Consejo Regional Indígena del Cauca, organización pionera del movimiento indígena en América Latina, se fundó en 1971 proclamando “Unidad, Tierra, Cultura y Autonomía”, y desde entonces ha promovido una plataforma de lucha que hoy abarca 10 puntos: “1. Recuperar la tierra de los resguardos y realizar la defensa del territorio ancestral y de los espacios de vida de las comunidades indígenas. 2. Ampliar los resguardos. 3. Fortalecer los cabildos Indígenas 4. No pagar terraje. 5. Hacer conocer las leyes sobre indígenas y exigir su justa aplicación. 6. Defender la Historia, la lengua y las costumbres indígenas. 7. Formar profesores indígenas. 8. Fortalecer las empresas económicas y comunitarias. 9. Recuperar, Defender, Proteger los espacios de vida en armonía y equilibrio con la Madre Tierra. 10.Defensa de la Familia”. CRIC, Plataforma de lucha en http://www.cric-colombia.org/portal/estructura-organizativa/plataforma-de-lucha/.

[5]             En nuestras comunidades se acostumbra a sembrar al lado del fogón el ombligo que nos cortan cuando nacemos. Desde allí echamos raíces que nos arraigan a Uma Kiwe, a la comunidad, al territorio, para que pase lo que pase no olvidemos lo que aprendemos ni nos desvinculemos de la tierra así no estemos en nuestra comunidad.

[6]             Acción teórica y práctica que nos emergió cuando “[n]osotras y nosotros en medio de la muerte y el despojo, decidimos conscientemente asumir la comunicación otra, ponerle palabra al camino y caminar esa palabra: tener para ser palabrandando y no ser para tener mercantilizando. Desde allí entendimos que los medios que usamos son medios, pero no son el fin en sí mismos. Que ese fin está en nuestras manos y en la conscienciade colectividad, comunariedad y del arraigo a Mama Kiwe que tenemos como hijos e hijas de ella” (Almendra, 2017).

 

[7]             Así nombramos una de las más grandes movilizaciones que irrumpió a Colombia en el 2008, fruto del Mandato Indígena y Popular (2004) y de toda una década de trabajos colectivos dentro y fuera del territorio.

Reunión presencial del Grupo de Trabajo de CLACSO “Territorialidades en disputa y en r-existencia”, en la Escuela Latinoamericana de Agroecología (ELAA) de Paraná, Brasil

Reunión presencial del Grupo de Trabajo de CLACSO “Territorialidades en disputa y en r-existencia”, en la Escuela Latinoamericana de Agroecología (ELAA) de Paraná, Brasil

Reunión GT ELAA

Los días 06 y 07 de noviembre se realizó la primera reunión presencial del Grupo de Trabajo de CLACSO “Territorialidades en disputa y en r-existencia”, en la Escuela Latinoamericana de Agroecología (ELAA) del movimiento de trabajadores rurales sin tierra (MST), localizada en el asentamiento Contestado, municipio de Lapa, estado de Parána en Brasil.

Este Grupo de Trabajo (GT) se sustenta en la convicción de que la capacidad de r-existencia en diferentes territorios de América Latina/Abaya ha permitido mantener el pensamiento crítico latinoamericano más “vivo y dinámico que nunca”, precisamente porque es desde los pueblos y procesos, donde surgen las contribuciones teórico-políticas más frescas, creativas y útiles para repensar la región desde la centralidad de la vida. Por tanto, consolidar un espacio de interacción con “sectores que tradicionalmente se han considerado los espacios del pensamiento crítico por excelencia, tales como las universidades, la academia y las artes” (Escobar, 2016) resulta fundamental en el GT que queremos construir. Formas de diálogo, complementación de maneras de hacer, sentipensar, metodologías horizontales, mingas de pensamiento y acción, agendas de investigación y concretización, abrir espacios, visibilizar, proteger de la sobre-exposición, etc., son todas estrategias a varias manos y en varios sentidos que pretendemos que den sentido a los quehaceres y los diálogos del GT “territorialidades en disputa y en r-existencia”.

De esta forma, el grupo de trabajo tiene como uno de sus focos principales potenciar la vinculación entre la academia y los grupos en r-existencia a lo largo de América Latina/Abya Yala.

En dicha reunión presencial, las/los participantes discutieron sobre las diferentes perspectivas sobre las que comprenden el territorio y cuáles son los horizontes de sentido que se pueden construir para el trabajo en común. A partir de la discusión, se definieron las prioridades de trabajo del GT durante los años 2018 y 2019, orientadas a generar espacios de discusión formación para académicos, estudiantes, investigadores y miembros de movimientos, además de apoyar la construcción de un semillero de experiencias de r-existencia territorial en América Latina.

Dentro de la programación de reunión del GT, se generó un espacio de diálogo con las/los estudiantes del curso de “Técnico en Agroecología” que imparte la Escuela Latinoamericana de Agroecología y además, se recorrió algunas de las experiencias de producción agroecológica elaboradas por las familias del asentamiento Contestado.

Reunión GT ELAA 3

Reunión GT ELAA 2

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