2. Outras economias / Para além da economia

     Independente das teorias a partir das quais se analise a crise contemporânea, tudo indica que estamos diante de uma transformação estrutural do mundo do trabalho, onde há um agravamento da precarização das condições de vida nas cidades e nos campos. No espaço agrário, uma “agricultura sem agricultores” e, nas cidades, uma precarização das condições laborais. Como destaca o sociólogo Ricardo Antunes, uma “nova morfologia social do trabalho” vem se desenhando. Tudo isso convivendo com uma revolução nas relações sociais e de poder por meio da tecnologia que mereceu, inclusive, o batismo do novo período histórico que vivemos desde os anos 1970 como “meio técnico-científico-informacional”.

   Nesse contexto, estão em curso novas formas de apropriação/reapropriação das condições materiais da vida, tanto no que concerne aos espaços comunitários e de moradia, como aos espaços de trabalho/produção. Relações sociais baseadas em princípios de reciprocidade vêm sendo estudadas muitas vezes em oposição ao chamado mercado, esse quase sempre associado ao capitalismo. Temos observado o revigoramento de algumas práticas sociais que constroem, paulatinamente, um campo econômico, social e político com outras estratégias que sinalizam para distintas perspectivas de vida. Uma verdadeira economia popular estaria em curso onde o mercado estaria sendo lugar de troca da vida material e não somente lócus de mediação do capital.

   É assim que ganha força, nesse momento, a economia de setores populares apoiados, a princípio, por organizações não-governamentais e religiosas, cujas práticas, na década de 1990, começam a ser conhecidas como “economia solidária”. Não à toa, tradições cooperativistas do século XIX são recuperadas, explicitando, conforme destaca Singer, o papel da economia solidária enquanto alternativa à crise que chegava às periferias do sistema no final da década de 1980, com a precarização do trabalho e desemprego em massa.

   Com a ascensão de governos progressistas na América Latina, a chamada “economia solidária” ou “economia dos setores populares” ou, ainda, “economia do trabalho”, passa a ser apoiada pelo Estado. As políticas sociais desses governos progressistas coexistem com o capitalismo global por meio de uma acumulação por espoliação ou acumulação por despossessão, engendrando um retorno a uma economia primária, voltada à exportação de commodities.

    Assim, com esse processo, a economia solidária seria atingida no cerne de seu potencial emancipatório, como uma matriz de construção societária regida por outros valores. Nesse contexto, a economia solidária se revela como um campo com diferentes visões, um campo em disputa.

    O objetivo deste eixo de pesquisa é analisar desafios e potencialidades de formas de organização da produção e distribuição baseadas nessas experiências de apropriação/reapropriação das condições materiais de produção/reprodução da vida, que também estariam construindo outras formas de organização e arranjo espacial.

 

Atividades do Grupo

– Oficinas de leituras

– Assessoria e apoio a organizações econômicas e comunitárias

– Organização de seminários e oficinas

 

Oficina Investigação-Ação Participativa 

 

 

 

Seminário Movimentos em Movimento: racionalidades, práticas e re-existências

 

 

 

II Seminário Movimentos em Movimento: racionalidades, práticas e r-existências

 

 

 

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